Capoeira na Escola
Temos visto algumas discussões sobre a inclusão ou não da Capoeira na Escola. Alguns abordam esta inclusão através da Lei 10.639/2003, outros não dizem nada e muitos outros dão a sua opinião sem mesmo conhecer sobre a questão.

Diversos encontros, reuniões, seminários, congressos discutem exaustivamente estas e outras questões sobre políticas públicas para a nossa Capoeira, mas o que efetivamente concreto temos sobre a questão? Pontualmente, em alguns municípios brasileiros temos a inclusão da Capoeira na Escola, ou por força de Lei (nem sempre cumprida) ou através da iniciativa do executivo municipal que coloca a nossa Capoeira em algum programa e aí todos ficam logo satisfeitos.
O que precisamos primeiro é amadurecer o suficiente para entender que sozinhos cada um puxando a discussão para um lado, não chegaremos a lugar algum. Nós não conseguimos nos entender em pequenas discussões, sobre a inclusão da Capoeira neste ou naquele espaço, então, aí é que não chegaremos a nenhum consenso.
Aliás, o grande lance da nossa Capoeira é a diversidade (diversidade de estilos, de pensamentos), mas acreditamos que já passou da hora de convergirmos para uma direção que seja pelo menos boa para a maioria de todos/todas nós.
Eleição para o Conselho Nacional de Política Cultural
Vejam agora: uma eleição importante para o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), espaço de poder de discussões da Cultura Nacional e a nossa Capoeira, em vez de convergir para eleger o maior número de seus membros para o referido Conselho, o que fez? Muitos foram contra. Talvez sem mesmo conhecer o SNC (Sistema Nacional de Cultura); qual a função do CNPC, só para citar alguns. Vocês acham que não seria importante a participação da Capoeira nos Setoriais do CNPC sobre Culturas Populares, Culturas Afrobrasileiras e Patrimônio Imaterial? O Saber dos Mestres de Capoeira e a Roda de Capoeira foram reconhecidos pelo IPHAN e vocês acham que é obrigação dos governos (Federal, Estaduais e Municipais) contribuírem para que a nossa Capoeira seja reconhecida, não só por eles, mas por toda a nossa sociedade? Mas só que nós não fazemos a nossa parte. Ficamos esperando “cair do céu” os benefícios, em vez de corrermos atrás deles.
A saúde, a educação, o esporte e o lazer (apenas para citar alguns) da população brasileira sempre serão mais importantes do que qualquer investimento dos governos para a nossa Capoeira (claro que merecemos este reconhecimento). Enquanto não nos unirmos, enquanto não entendermos que “uma andorinha só não faz verão”, continuaremos na mesma. Cada um/uma sendo tratado de acordo com a cota de sua contribuição para a sociedade. Uns irão ganhar churrasco e camisas, outros viagens para lá e para cá e a maioria esmagadora dos “profissionais da Capoeira” continuarão na mesma, sendo subvalorizados.
O nosso ordenamento jurídico hoje nos ampara e muito. Constituição Federal, LDB, ECA, Lei 10.639/2003, Estatuto da Igualdade Racial, Lei 9.615 (Lei Pelé), todas contemplam de alguma forma a nossa Capoeira.
Em São Gonçalo Capoeira na Escola é lei

Na cidade de São Gonçalo temos uma lei que torna obrigatória a prática da Capoeira nas Escolas, Comunidades e Praças desde 2005, mas a mesma nunca foi respeitada. Virá alguém culpar o governo, mas acreditamos que a desunião de nossa classe faz com que cada dia mais não nos leve tanto a sério. Nós, da Liga Gonçalense de Capoeira estamos buscando o melhor caminho para fazer com que esta lei saia do papel e por isso estamos, primeiro, propondo o Censo Municipal da Capoeira, para sabermos quantos somos e onde estamos. Este é um primeiro passo. Outro passo importante é lutar para a UNIDADE dos capoeiristas de nossa cidade. Divergências sempre haverá, mas a nossa Capoeira é um bem maior a ser preservado.
Precisamos aprender a lutar por nossos direitos utilizando as leis ao nosso favor. Temos o PLC 031/2009 que trata da nossa profissionalização. Muitos são contra, outros tantos a favor e a maioria se omite. A profissão nem foi criada ainda e já adiantam o debate. Quem vai mandar na Capoeira? Capoeira nasceu livre, é luta de liberdade. Esses são alguns dos discursos que cansamos de ouvir. Talvez a galera prefira continuar vendo os Mestres de Capoeira morrer na miséria como tem acontecido e depois ficar culpando o governo, como se apenas eles fossem os culpados.
Está na hora da Capoeira “sair de cima do muro” e decidir o que quer. Ficar jogando cada um na sua roda, se profissionalizar de verdade ou então parar de reclamar e ir à luta.
Porque não criamos um grande movimento em apoio à Lei Griô, por exemplo?
Vocês conhecem a proposta desta lei?
Bom, a hora é de reflexão. Vamos juntos?
Muito, mais muito informativo e proveitoso a matéria. Fico até sem palavras pra elogia e agradecer o conhecimento. Axé! Contramestre Eudes Bernardo
Bom dia, Mestre
Sou curiosa sobre o assunto e como presidente da Federação das Associações da Caatinga, sediado em Uauá, interior da Bahia, junto-me a voces na causa. Estamos preparando algumas palestras sobre CAPOEIRA e vamos divulgar o máximo dessa maravilha que é tão rica, haja vista ser arte, dança, recurso educacional,jogo e que só faz bem ao ser humano. Também vamos pedir a inserçao dela em algumas escolas, tipo projeto piloto, enfim..
Um forte abraço
Cassia
Agradecemos suas palavras, Cassia Duran. Temos lutado bastante para que a nossa verdadeira História seja contada nos espaços escolares e a nossa Capoeira, com certeza, poderá contribuir e muito nisso.
Valeu meu camarada Bernardo Vieira. Abraços.
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